Família unida: O que terá levado o filho de Susana Gravato a matá-la?

Há novos pormenores sobre o homicídio da vereadora de Vagos Susana Gravato. O filho, de apenas 14 anos, terá planeado o crime, a mãe alegadamente irritava-o. Vizinhos e conhecidos dizem, contudo, que a família era “unida”
O homicídio de Susana Gravato, do executivo cessante da Câmara Municipal de Vagos, no distrito de Aveiro, está a chocar o país. Depois da sua morte suspeita, na terça-feira, soube-se ontem que foi o filho, de apenas 14 anos, que a matou, a tiro.
Depois de ser identificado pela Polícia Judiciária (PJ), o adolescente ficou sujeito à medida cautelar de guarda em centro educativo em regime fechado, por três meses, ou seja, internado.
O que se segue permanece ainda uma incógnita, devido ao facto de se tratar de um menor. No entanto, sabe-se que não pode ser responsabilizado criminalmente e que a medida mais gravosa, segundo o Expresso, é o internamento num centro educativo em regime fechado, por um período máximo de três anos. Se assim for, aos 17 será livre.
De acordo com o Correio da Manhã, o jovem aparentava ser um miúdo normal. Não há histórico de violência, nem episódios de maus-tratos à mãe e não se sabe o que o terá levado a matá-la. No entanto, ainda segundo o matutino, o crime terá sido planeado, uma vez que não só decorou o código do cofre onde o pai guardava a arma do crime, atirou em Susana Gravato, de 49 anos, e ainda simulou um assalto, “com requintes de encenação”, que incluiram remexer em várias divisões da casa e tapar as câmaras do exterior da residência da família. Pelo caminho, ainda tapou o corpo da mãe com uma manta.
O corpo foi encontrado pelo marido da social-democrata, depois de alertado por uma colega da mulher, com quem esta estava ao telefone no momento do crime, de que algo de suspeito teria acontecido.
As autoridades começaram por tratar o caso como um assalto, mas rapidamente concluiram – e este acabou também por confessar, na noite de terça-feira – que o assassino estava no seio da família.
Aos inspetores da Polícia Judiciária (PJ) o adolescente não explicou o crime. Disse apenas que a mãe era muito exigente e o teria irritado nos últimos dias.
Ainda ao Correio da Manhã, vários vizinhos e amigos da família admitiram estar em choque com a tragédia que nada fazia prever.
“Era uma família muito unida, estou em choque com o que aconteceu. O miúdo era calmo e educado”, contou um amigo da família depois de descobrir que o autor do disparo tinha sido o filho de Susana.
Segundo este homem, que não quis ser identificado, era habitual aos fins de semana os amigos dos dois filhos de Susana juntarem-se para convívios. “Nunca vi nada que pudesse levar a isto”, assegurou mesmo.
Momentos antes de ser assassinada, Susana Gravato almoçou com o marido no restaurante Morgado, em frente a casa.
Queixou-se de dores de cabeça e regressou a casa. O marido regressou à drogaria onde trabalha, na mesma rua.
Nas redes sociais, Susana é muito elogiada. “Uma mãe maravilhosa e dedicada”, “um exemplo”, “onde chegava iluminava com o sorriso contagiante”, são apenas alguns dos comentários escritos.
Susana Gravato era licenciada em Direito e exercia advocacia desde 2005. Era militante do PSD desde 1994, tendo feito parte da JSD. Entre 2009 e 2013, foi membro da Assembleia Municipal de Vagos, eleita pelo Movimento Vagos Primeiro. Atualmente, era vereadora da Câmara de Vagos com os pelouros da Administração Geral, Ambiente, Proteção e Saúde Animal, Justiça (Reinserção Social, Violência Doméstica, Julgados da Paz e Apoio a Vítimas de Crime), Coesão Social e Maioridade.
O marido é empresário e diretor da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vagos.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Vagos já decretou Luto Municipal, por três dias, em sua memória e reconhecimento público. Nas redes sociais as notas de pesar e consternação multiplicam-se.